NR -1 E SEUS IMPACTOS NO AMBIENTE DE TRABALHO

A nova redação da NR-1 representa uma mudança importante na forma como as empresas devem enxergar a saúde e a segurança no ambiente de trabalho. Tradicionalmente, as normas sempre deram maior foco aos riscos físicos, como acidentes, máquinas perigosas, agentes químicos e condições insalubres. Com a atualização da NR-1, passa a existir uma exigência mais clara e objetiva para que as organizações também considerem os impactos psicológicos e emocionais sofridos pelos trabalhadores no dia a dia, reconhecendo que o adoecimento mental é uma realidade crescente no mundo do trabalho.

Essa atualização foi adiada pelo Ministério do Trabalho, que decidiu que as novas regras só entrarão em vigor em maio de 2026. A justificativa oficial é a necessidade de conceder mais tempo para que as empresas possam se estruturar, capacitar suas equipes e adaptar seus processos internos às novas exigências. Isso porque a inclusão dos riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) não se resume a um simples documento formal, mas exige um diagnóstico profundo da realidade da empresa, identificação de situações que geram sofrimento psicológico e a adoção de medidas práticas para prevenção desses problemas.

Assim, as empresas deverão mapear fatores como pressão excessiva por resultados, jornadas prolongadas, metas inalcançáveis, clima organizacional hostil, relações de poder abusivas, falta de apoio das lideranças e ausência de canais seguros para denúncia. Tudo isso deverá constar no PGR, juntamente com estratégias de prevenção e controle, como treinamentos para líderes, criação de políticas contra assédio, acompanhamento psicológico, melhoria na comunicação interna e revisão da forma como o trabalho é organizado.

É de importância ressaltar também que essa mudança exige uma transformação cultural dentro das organizações. Não basta apenas cumprir uma exigência legal para “evitar multa”, mas sim repensar a forma como as pessoas são tratadas no ambiente corporativo. A nova NR-1 incentiva uma postura mais preventiva e humana, na qual o cuidado com o bem-estar do trabalhador passa a ser visto como parte da responsabilidade da empresa. Isso inclui o fortalecimento de práticas de escuta ativa, apoio psicológico, programas de qualidade de vida e promoção de um ambiente mais saudável e respeitoso.

Quando a norma passar a ser efetivamente fiscalizada, o descumprimento poderá gerar autuações, multas e até reflexos em ações trabalhistas, principalmente em casos envolvendo doenças ocupacionais relacionadas ao estresse e à saúde mental. Além disso, a não observância desses cuidados pode impactar negativamente a produtividade, aumentar afastamentos pelo INSS e prejudicar o clima organizacional.

Para o público leigo, pode-se dizer que essa “nova NR-1” é uma tentativa de modernizar a legislação trabalhista para acompanhar a realidade atual, em que problemas emocionais ligados ao trabalho têm se tornado cada vez mais comuns. A ideia é que as empresas não apenas evitem acidentes físicos, mas também previnam situações que causem sofrimento psicológico, ansiedade, burnout e outras doenças relacionadas ao ambiente profissional. Embora o adiamento tenha frustrado expectativas de especialistas que defendem uma aplicação mais rápida dessas medidas, ele também é visto como uma oportunidade para que empresas se organizem melhor, busquem orientação técnica e promovam mudanças estruturais mais sólidas e eficazes.

Assim, a atualização da NR-1 reforça que saúde no trabalho não se limita ao corpo, mas também envolve a mente, as emoções e a qualidade das relações dentro da empresa. A médio e longo prazo, a expectativa é que essa reforma contribua para ambientes de trabalho mais equilibrados, seguros e saudáveis, beneficiando tanto os trabalhadores quanto os empregadores, ao reduzir conflitos, afastamentos e custos relacionados a doenças ocupacionais, além de promover uma cultura organizacional mais ética e responsável.

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Isadora Rodrigues Vischi

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